Memorial do Holocausto em Berlim: monumento ou ruína?

Mais de 10 milhões de pessoas já visitaram o Memorial aos judeus vítimas do Holocausto, fazendo deste ponto uma parada quase obrigatória para os turistas que visitam Berlim. 19 mil metros quadrados cobertos por uma grelha de 2.711 blocos de concreto aparente compõem este monumento. Porém, este cemitério simbólico concebido por Peter Eisenman resistiu por apenas 8 anos. O que aconteceu? Um erro de cálculo e uma rigoroso inverno causaram a deterioração do monumento.

Mais detalhes a seguir.

Logo após a queda do muro de Berlim, uma vez que a Alemanha recuperava sua normalidade geográfica perdida com a derrota nazista, o governo colocou em andamento a construção de uma série de monumentos em homenagem às vítimas, quase que num "processo de auto-flagelação". Entre estes, o Monumentos dos vítimas judias do Holocausto, projetado por Peter Eisenman e inaugurado em 2005, com objetivo prestar uma homenagem solene aos seis milhões de judeus assassinados durante o Terceiro Reich.

Sendo o monumento mais importante e reconhecido mundialmente da história recente da Alemanha e um dos lugares mais visitados da capital, este "cemitério" é composto por 2.711 blocos de concreto aparente que medem entre 0,50 e 4,50 metros de altura e estão semi-enterrados em uma área que equivale a dois campos de futebol.

Entretanto, este cemitério simbólico quase sagrado está a ponto de se tornar uma enorme ruína devido a um erro de cálculo. O surgimento de infiltração d'água seguido por um rigoroso inverno fizeram com a água congelasse dentro das fissuras no material, causando trincas mais profundas. Hoje, mais de dois terços dos blocos estão marcados por rachaduras preocupantes. 

“Todo o monumento parece estar sofrendo" foi a descrição do jornal Süddeustche Zeitung, como se se tratassem de "lágrimas simbólicas", enquanto que o BILD levantou uma importante questão: "O memorial do Holocausto pode ser salvo?"

Uma falta de respeito?

Os berlinenses estão preocupados, pois um dos locais mais sagrados e solenes do país se converteu em uma praça de lazer, onde os adultos se deitam sobre os blocos para tomar sol e onde as crianças brincam de esconde-esconde neste labirinto; também se preocupam com as rachaduras que ameaçam a existência deste belo e frio monumento. 

Também se pode observar a falta de interesse por parte dos visitantes e turistas no monumento que recorda o genocídio de cerca de 500 mil ciganos - Memorial dos Ciganos de Berlim.

* Leia mais detalhes do polêmico caso no artigo de Enrique Müller publicado no jornal El País.

Sobre este autor
Cita: Yávar, Javiera. "Memorial do Holocausto em Berlim: monumento ou ruína?" [El Memorial del Holocausto en Berlín: ¿un monumento o un campo de ruinas?] 25 Jan 2014. ArchDaily Brasil. (Trad. Baratto, Romullo) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-170221/memorial-do-holocausto-em-berlim-monumento-ou-ruina> ISSN 0719-8906

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